quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Sabonete de Barbatimão

O sabonete de Barbatimão é um tipo que as mulheres vão gostar. O Barbatimão é uma árvore com cascas grossas de origem do centro oeste brasileiro. No Nordeste também é encontrada.
A casca dessa árvore era utilizada na medicina dos nossos avós e pelos indígenas na higiene íntima e contra várias enfermidades da pele como coceira, cicatrizante de feridas, fungos e bactérias.
Hoje em dia, ela é ainda famosa pelo seu uso na higiene íntima da mulher, pois combate vários problemas relacionados ao órgão sexual feminino. Além de que, segundo várias fontes de informação, o Barbatimão contém grandes quantidades de uma substâncias que o fez famoso. Essas substâncias são os taninos que confere adstringência. Por isso ela é conhecida como a "árvore que aperta".
Com relação a grande quantidade de taninos, com certeza é verídica a informação. Posso até provar com fotos da minha querida bacia de aço inox onde faço minhas preciosidades. Mas antes preciso dar algumas informações sobre o que é taninos.
Serei simples nas informações, mas vocês podem pesquisar mais na internet.
Taninos são moléculas complexas de grande peso molecular de origem vegetal solúveis em água, álcool e acetona. Quando solubilizados em água, os taninos conferem uma cor marrom claro, passando para marrom avermelhado até marrom escuro dependendo da quantidade e tipo presente no vegetal. É encontrado em cascas de árvores, folhas, raízes e até frutos. Uma das principais aplicações dos taninos é o curtimento de couro. Existem empresas (fábricas) que só fazem a extração dos taninos, sustentável é claro. As principais estão no Rio Grande do Sul.
Outra aplicação muito importante dos taninos é contra a ferrugem. Isso mesmo. Ferrugem. Essa que encontramos no metais, nos nossos portões, janelas, grades, carro, etc.
Se estiver curioso(a) sobre isso, há uma experiência bem facinha de fazer: umas das ervas com mais riqueza em taninos é o chimarrão e é fácil de encontrar. Cravo da índia e chá verde e preto também, mas é mais caro. Faça um chá bem concentrado dele em água fervente e deixe descansar e esfriar por mais 12 - 24 horas. Pronto, sua solução contra a ferrugem está feita. Pegue um pedaço de metal enferrujado e tire o excesso de ferrugem com uma lixa ou material abrasivo. Só o excesso. Mergulhe na solução de chimarrão e aguarde 30 minutos a uma hora. Quando você retirar o metal da solução, ele vai estar preto e mais preto ainda na parte enferrujada. O tanino reagiu com o óxido de ferro (ferrugem) formando tanato de ferro, que é inerte, e que protege o metal contra futuras corrosões. Esse é o famoso convertedor de ferrugem que muitos pagam um absurdo por 50 a 100 ml. Claro que tem outros aditivos para melhorar a eficiência na conversão, mas basicamente são taninos. No portão ou grade, retire o excesso e passe a solução com um pincel. Pode precisar várias demãos, mas funciona. Depois é só pintar. Vai durar muuiitoo mais tempo do que quando você comprou o portão novo.

Fiz uma batelada recente por hot process. Se vocês viram a foto do sabonete na loja do elo7, agora já sabem por que ele ficou quase preto. Foi devido aos taninos.

Os sabonetes. Vejam eles na minha bacia cozinhando. Parece brigadeiro.

Sabonete de Barbatimão

Depois de enformado e duro, olha a barrona que linda e texturizada ainda por cima. Parece bolo de chocolate.

Sabonete de Barbatimão

Foi só cortar, tirar uma foto e agora as barras estão descansando (já fazem 7 dias). Já estão prontas para quem quiser.

Sabonete de Barbatimão

Ingredientes utilizados:

- Óleo de coco de Babaçu.
- Azeite de Oliva.
- Óleo de soja não trangênico.
- Óleo de Arroz vindo do Rio Grande do Sul.
- Óleo de Rícino (mamona).
- Óleo de Abacate.
- Barbatimão (infusão em óleo e água)
- Essências de Pimenta Rosa, Canela Cássia e Laranja.

Até a próxima.

Sabonete de Cenoura, Soja e Azeite de Dendê

Sabonete de Cenoura, Soja e Azeite de Dendê

Olá pessoal, hoje vou mostrar como eu fiz o lote desse sabonete tão maravilhoso para a pele. Fiz ele a uns 20 dias e já tem bastante gente saboreando-o. Verdade, dá vontade de comer, mas é para usar na pele e nos cabelos. Tem uns que eu faço e as pessoas perguntam se é paçoca e quanto custa.
Muita gente entorta a boca quando eu falo que tem azeite de dendê e perguntam: mas e o cheiro?  Será que é bom?
O azeite de dendê tem um cheiro bem característico e forte. Mesmo durante a saponificação, ainda sinto um pouco o cheiro dele. Mas depois de adicionar as essências, enformar e esperar 24 horas, o cheiro desaparece completamente ficando somente o aroma especial que fiz para ele que é de Buriti e Andiroba.
Confesso que o primeiro lote que fiz dele fiquei um pouco desapontado achando que tinha colocado muita cenoura e azeite de dendê. Estava quase aposentando ele da minha lista de receitas quando dei umas barras para outras pessoas experimentarem.
Pela minha surpresa, só elogios. Muito hidratante na medida certa e faz um bem para a pele que decidi fazer de novo, mas agora com mais capricho e adicionando o óleo de abacate. No lote anterior não tinha esse óleo. Tanto que as barras do novo lote ficaram uma cor alaranjada mais escura. Ou foi por causa do óleo de abacate, ou porque eu fiz ele pelo método hot process ou ambos. Mas uma coisa é certa, ficou tão bom quanto ou até melhor que o primeiro.

Prontos? Vamos lá.

Quais foram os ingredientes?
- Óleo de coco de Babaçu
- Óleo de Palma não refinado (azeite de dendê) - nordestino puríssimo
- Azeite de Oliva
- Óleo de Soja Leve (não trangênico)
- Óleo de Canola
- Óleo de Rícino (mamona)
- Óleo de Abacate
- Purê de cenoura
- Leite de soja
- Essência de Buriti
- Essência de Andiroba

No post anterior, escrevi como eu peso os óleos e a lixívia. Então não vou repetir de novo. Só vou mostrar a cor que fica a mistura de óleos por causa do dendê.


Olha isso aí. Parece um mel.

Agora meu purezinho de cenoura com leite de soja.


Vejam bem, é tudo aço inox. Se alguém quiser se aventurar em fazer sabonete por cold ou hot process, não use alumínio, cobre ou ferro fundido em hipótese alguma.

A mistura após ter colocado a lixívia e o purê.



O instrumento que está dentro da bacia também é excelente para fazer sabão e sabonete. Agora esqueci o nome dele. Quando lembrar eu coloco aqui. Lembrei. Acho que é Fuê certo?

Como o método que usei é o hot process, vocês verão algumas fases interessantes por onde a massa passa. O hot process, ao contrário do cold process, tem-se que cozinhar a massa até ela ficar como um purê de batatas bastante consistente e parecendo uma pasta. Só depois a massa é colocada na forma.
Depois que a massa alcança o ponto do traço, acende-se o fogo e começa a cozer ela. Um pouco depois se tem isso>


Começa a separar tudo. Água e glicerina pra lá e sabão pra cá. Quando se faz o cold process, a essência  ou óleo essencial são colocados no traço e logo em seguida a massa é enformada. Se tudo deu certo, a massa continua linda e homogênea parecendo um delicioso purê de batatas na manteiga bem molinho. Se as essências são de qualidade, não provocam a separação. Óleos essenciais dificilmente acontece, mas depende também do tipo.
Se a essência não for boa, é isso que vocês estão vendo na foto acima que acontece. O artesão fica desesperado com isso poque não tem mais como colocar na forma porque vai continuar separado. Tem gente que joga fora ou engata caminho do hot process. Também tem essências e óleos essenciais de ótima qualidade, mas mesmo assim causa a separação.
Como essa receita eu decidi usar o hot process, então não precisei me preocupar porque as essências e/ou óleos essenciais, bem como os óleos de alto valor como abacate, amêndoas,
Macadâmia, etc. são colocados lá no finalzinho quando tudo já virou sabão e glicerina e você tem uma massa consistente.

Próxima etapa:


Vejam que agora começou a ficar um pouco melhor. Isso leva um tempo e muita gente acha que não vai dar certo. Calma, seja persistente. Continue cozinhando.

Olha o que acontece depois de uns 30 minutos.


E depois de cinco minutos, o negócio vai crescendo. Até parece que coloquei fermento, hehe.


Tive que dar umas mexidas senão a massa iria pular para fora da bacia.

Depois que a massa cresce feito um bolo, ela começa a baixar e desgrudar da parede da bacia semelhante a quando se faz brigadeiro.


Depois de mais algum tempo, vejam que coisa mais delícia. Dá vontade de encher a colher e comer.


Agora é nesse ponto que adiciono essências e óleos essenciais.



Se fosse um doce de abóbora heim??

Depois é só enformar e esperar umas 12 horas para endurecer. Desenformar, cortar, deixar secar por uns 5 dias e pronto.




Existe uma grande discussão em fóruns internacionais de produção de sabonetes artesanais sobre quantos dias o mesmo já está bom para comercializar.
Com o método cold process, uns dizem que precisa de 30 dias para estar "no ponto", outros dizem que não precisa e só depende de como você quer apresentá-lo ao consumidor, macio ou mais duro.
No hot process ainda tem gente que fala que tem que deixar por 30 dias para curar. A saponificação se completa totalmente no cozimento. Eu uso o mínimo de água possível na lixívia, assim o sabonete fica seco e duro em 5 dias e ainda uso ele no mesmo dia em que corto para testar e tudo está ok.
Mesmo no cold process, se a massa entrar na fase gel, é um processo semelhante ao cozer dele no hot process. A saponificação está completa, não tem mais soda. Por experiência, os únicos motivos para esperar 30 dias de cura é apenas para ele secar e endurecer mais porque normalmente, no cold process, mais água é utilizada para fazer a lixívia do que no hot. Apenas isso.