Bom, acho que chegou a hora de começar a "alimentar meu Blog que estava tão abandonado.
Vou começar contando para vocês como eu fiz um lote de sabonetes passo a passo. Isso é importante para as pessoas entenderem como é feito, os ingredientes utilizados e o trabalho artesanal em si.
O sabonete é o de Camomila com manteiga de Karité que é excelente para a pele ressecada pois hidrata e acalma. Usei o método cold process (saponificação a frio) e foi feito em Julho/2012.
Então vamos lá!
Primeiro de tudo, ter os ingredientes que vai no sabonete e, segundo, os utensílios (tem que ser tudo de inox ou plástico resistente e atóxico como o PEAD (polietileno de alta densidade).
Peguei minha querida bacia de aço inox e pesei os óleos e gorduras a serem saponificados.
A pasta sólida branca é a gordura de coco de Babaçu. Como estava bem fresquinho nesse dia, ela fica sólida, mas quando está quente como estava aqui em maringá esses dias (36oC a tarde - que calor), ela fica líquida. Os outros líquidos é o Azeite de Oliva, Girassol, etc..
Para fazer sabonete e não sabão-lava-roupa, todos, digo todos mesmo, os ingredientes tem que ser pesados. É tudo por peso e não volume.
Aqui são os óleos já no fogo para derreter as gorduras sólidas e homogeneizar tudo.
Agora vamos pesar a soda cáustica para a saponificação. Eu uso a soda em escamas e depois a dissolvo em água. Assim eu tenho maior precisão na medida. Se colocar a mais, vira sabão pra lavar roupa, se colocar de menos, o sabonete fica mole e oleoso.
Dissolvendo em água....
Agora completamente dissolvida e transparente, como vocês podem ver na figura ao lado. Nesse estado, ela recebe o nome de lixívia.
Nessa receita, usei uma infusão (chá) de camomila em água bem forte.
Na próxima figura é o início da saponificação, logo depois que adicionei a lixívia.
E aqui, depois que adicionei a infusão de camomila
Veja como ficou bem amarelo. Está parecendo até um omeletão, hehe.
Ao lado esquerdo acima num potinho de vidro, é a manteiga de Karité derretida. Ela é adicionada quase no final do processo para que boa parte dela se mantenha intacta e para que o sabonete tenha característica hidratante.
A ferramenta preta mergulhada é um mixer (que hoje já quebrou) e serve para acelerar a saponificação. É excelente. A mistura fica pronta para ir para o molde em minutos (3 a 5).
________________________________________________________________________
Uma dica para o pessoal que faz sabão com óleo de frituras, use um mixer. Assim não precisa encher de álcool para que o processo de saponificação acelere.
O álcool neste caso serve como um catalizador e solvente acelerando a reação para que a pessoa não tenha que ficar mexendo muito tempo.
________________________________________________________________________
Bati a mistura com o mixer até chegar ao ponto de traço, que nada mais é do que a mistura ter uma consistência de um purê de batatas, mas bem molinho. Quando se levanta o mixer da mistura, a massa cai e não desaparece, ela deixa um "traço" na superfície.
Nesse ponto, adicionei a manteiga de karité derretida, os óleos essenciais de Cedro e Laranja Doce, a fragrância de camomila e flores secas trituradas de camomila. Que cheiro maravilhoso que subiu. Depois foi só...
colocar na forma.
Depois de um tempinho, (30 a 40 min), apresento a vocês a fase gel, onde a massa fica semi transparente e você tem quase certeza que ocorreu tudo bem até agora. Essa é uma indicação de que a saponificação está se completando na sua totalidade.
Agora é esperar 24 horas. Após esse período, ou ocorreu tudo bem e eu terei um bloco de sabonete duro, ou deu alguma coisa errada como já aconteceu. Foi uma "lambuzeira". A saponificação não ocorreu na sua totalidade, e ficou óleo sobre a forma e dentro dela. Fui desenformar para ver se salvava alguma coisa, mas piorou tudo, derramou óleo na minha roupa, no chão. Depois a minha cachorrinha veio para saber o que estava acontecendo e pisou em cima, depois correu. Meu Deus.
Voltando ao assunto. Voilà.
Agora fatiando......
Depois é só deixar curar por alguns dias para perder umidade e endurecer mais ainda.
Aqui são eles finalizados e embalados.
Um abraço e até a próxima.
Sabonetes artesanais feitos por saponificação a frio e a quente (cold process e hot process)
quarta-feira, 18 de julho de 2012
terça-feira, 3 de julho de 2012
Sabões e Sabonetes Artesanais Cold e Hot Process (Saponificação a Frio e a Quente)
O que é saponificação a frio ou quente?
É uma saponificação natural e integral em que o processo permite a produção de um sabão a
partir de matérias primas puras desde o início. Isto é, a partir de óleos, gorduras e manteigas puras vegetais ou não e
outros complementos naturais como flores, ervas, chás, especiarias, argilas e
óleos essenciais. Com essa técnica pode-se produzir um sabonete 100% vegetal,
natural e sem aditivos químicos industriais. O artesão tem total controle sobre
os ingredientes que farão parte do sabonete.
Saponificação é o nome dado a reação química na
qual um álcali (normalmente hidróxido de sódio-NaOH também chamada de soda
cáustica) reage com gorduras e óleos (ácidos graxos) vegetais ou não, dando
origem ao sabão e glicerina.
Porque usar um sabonete feito a mão por
saponificação a frio ou a quente?
Ao contrario dos produtos comprados no
supermercado, o sabonete feito a mão por esta técnica, retém toda a glicerina natural
produzida no processo. A glicerina é um subproduto da saponificação produzida
naturalmente e que a indústria separa para vender a outras que fabricam cosméticos
mais caros. Isso é evidente quando deixamos o sabonete industrial sem umedecê-lo
por um período. Ele simplesmente “racha”, cria trincas. Isto porque apenas uma
fração da glicerina é deixada no sabonete (aquela que não conseguiram separar).
Além disso, ele contém vários ingredientes sintéticos baratos para dar peso e outras
características. É só ler o rótulo.
Na Saponificação natural, pode-se agregar elementos com propriedades
fitoterápicas tais como ervas, flores, chás, sementes e óleos essenciais que
podem ter funções específicas tais como
hidratação, esfoliação, cicatrizante, calmante, etc.
E o “sabonete de glicerina ou glicerinado”? Tem
diferença?
Para fazer o sabonete artesanal “glicerinado”, o
artesão compra uma matéria prima chamada “Base Glicerinada” que é produzida
industrialmente. Há três tipos mais comuns: transparente, branca e perolada.
Essa base é fabricada a partir do sabão puro (contém apenas uma fração de
glicerina) que pode ser de origem vegetal e/ou animal e que recebe vários ingredientes
que a transformam num material transparente (conhecido como glicerinado e não
glicerina como muitos a identificam). O correto seria designá-la por BASE DOCE
ou ALCOÓLICA, pois é a adição de açúcares e álcool que a conduzem a
transparência (ref.: www.sabao-nosso-de-cada-dia.com).
Além disso, ela ainda pode comportar, em certas circunstâncias, até 5 vezes ou
mais o seu próprio peso em água.
Respondendo a pergunta: SIM, há muita diferença. Essa
base é derretida em uma panela, depois agrega-se aditivos como corantes, ervas,
sementes e, geralmente, o Lauril Éter Sulfato de Sódio (LESS). Depois é colocado em
moldes/formas para esfriar e endurecer. Após o endurecimento é só embalar e
está pronto. Esse processo leva apenas algumas horas. Por natureza, a “base
glicerinada” não espuma muito. Se quiser mais espuma, pode-se adicionar um tensoativo
espumante sintético e que geralmente é o LESS.
O Saponificação natural parte da mistura de óleos e gorduras com um
álcali forte (NaOH-soda cáustica para sabões e sabonetes sólidos e KOH-potassa para pastosos ou líquidos ou até uma combinação deles para obter texturas diferentes como o cremoso por exemplo) e água, onde a quantidade de cada um é
precisamente controlada para que não haja alcalinidade residual. Temperatura
e agitação da mistura também influencia no processo. No final do processo, todo o álcali é consumido para formar sais de Sódio e/ou Potássio dos ácidos graxos das gorduras (sabão verdadeiro) e
a verdadeira glicerina.
É necessário um álcali forte para produzir sabão.
Sem ele, não há sabão. Muito se vê pessoas falando que o sabonete que ela produz não usa soda cáustica porque ela compra a base pronta. Isso até certo ponto é verdadeiro, mas essa base, para se tornar um agente de limpeza, passou, sem a menor dúvida, pelo processo de saponificação onde foi utilizada a soda misturada às gorduras.
Quando a mistura gorduras/NaOH chega a um certo
ponto de consistência chamado de “traço”, ela é colocada em moldes e espera-se
24h para desenformar e cortar em barras. Após esse período, temos o nosso
sabonete artesanal que deve ser curado por vários dias (entre 10 a 30 dias)
para que ele perca o excesso de água e endureça. Esse processo garante que o
sabonete contenha o mínimo de água possível e o máximo de sabão e glicerina
naturais e verdadeiros.
Assinar:
Postagens (Atom)