terça-feira, 2 de outubro de 2012

Sabonetes Líquidos Naturais feitos com óleos vegetais

Boa noite pessoal. Vou falar um pouco dos meus sabonetes líquidos vegetais e naturais. Para fazer um sabonete líquido a partir de óleos como o Coco de Babaçu, Azeite de Oliva, Soja, etc., usa-se uma técnica diferente com relação a escolha dos ingredientes e o álcali que vai gerar a lixívia. A escolha dos ingredientes depende do visual do produto final que se deseja. Através dessa escolha pode-se ter um sabonete turvo, isto é, sem transparência ou completamente translúcido. Óleos como o de Jojoba, Palma e outros que pode conter matéria insaponificável, causa turvação no sabonete líquido, mesmo diluindo ele a grandes porcentagens. O álcali, que será responsável pela saponificação, deve ser a Potassa Cáustica (KOH) e não a soda cáustica (NaOH). Os sais de potássio que se formam na saponificação são mais solúveis em água. Isso significa que pode-se fazer um sabão ou sabonete líquido concentrado, usando pouca água na diluição da massa.

Olha ela  depois da completa saponificação. A massa fica semi-translúcida e pastosa.
Aqui tem óleo de coco de Babaçu, soja, azeite de oliva e rícino (mamona).

Depois que os óleos são saponificados, vem a parte da diluição onde adiciona-se água quente para que haja a completa dissolução. Este processo tem que ser bem controlado porque se colocar muita água, o sabonete ficará ralo e sem a ação desejada. Também precisa ser água de ótima qualidade. A que eu uso é de poço artesiano. Aqui em maringá tem muito disso.
Todo o processo leva 3 a 4 dias para se completar. Assim, no final do processo, eu terei uma base de sabonete líquido translúcida e viscosa parecendo mel. Só assim se terá a certeza de que a base do sabonete está no ponto ideal de concentração para fazer um sabonete natural, vegetal, sem aditivos sintéticos e que, para a pele, não há nada igual.
Depois da dissolução, vem a parte dos extratos glicerinados, óleos essenciais e/ou essências.
Os extratos são adicionados primeiro e depois os óleos essenciais.
Se tudo ocorreu bem, o sabonete líquido terá a cor do extrato glicerinado escolhido, ele será translúcido e com um aroma incrível.
Olha a foto abaixo. Como a aloe vera é um gel claro semi transparente e o extrato glicerinado também, esse sabonete líquido ficou com a sua cor natural.



O sabonete líquido produzido dessa maneira tem uma textura diferente e a ação dele na pele também. Não tem nada haver com os "normais" sintéticos que todos compram e usam. Todos os sabonetes líquidos vendidos em supermercados, farmácias (inclusive manipulação), lojas de cosméticos e etc. usam ingrediente sintéticos. Fora os corantes artificiais usados.
Os mais comuns (e pode ter certeza que pelo menos 2 ingredientes listados abaixo) fazem parte dos sabonetes sintéticos e que hoje, na minha opinião, deveriam ser chamados de detergentes.

Lauril Éter Sulfato de Sódio (LESS) - esse é o principal e mais agressivo.
Amida 60 ou 80 ou 90 (dietanolamina de ácido graxo de coco). A numeração determina a concentração de ativos. Confere viscosidade e detergência.
Anfótero (Coco amido propil betaína) - aumenta a viscosidade do sabonete sintético.
Dodecil benzeno sulfonato de sódio (popularmente chamado de ácido sulfônico) - mais usado em detergentes lava louças, roupas e detergentes profissionais tais como solupan, intercap, etc. Sim pessoal, tem sabonetes líquidos que tem esse ingrediente. principalmente aqueles baratinhos (5 litros por 10 reais).
Lauril Sulfato de Sódio (LSS - sem a designação éter) - dizem que é mais ameno que o LESS.
Lauril Sarcocinato de Sódio - também mais ameno que o LESS.
Lauril Sulfato de Amônio (LSA) - alternativa mais leve aos outros acima
Nonifenol Etoxilado (Renex) - usado também em detergentes para limpeza pesada. Esse ingrediente foi banido da Europa por causar mutação genética - faça a pesquisa. No Brasil é utilizado que nem água.
Polietileno glicol - derivado petroquímico muito utilizado para fazer extratos glicólicos e como aditivo no sabonete para atrair água para a pele. Esse ainda tenho minhas dúvidas se é bom ou ruim. Existem vários estudos que mostram os dois lados, mas por via das dúvidas, não uso ele na produção.
Trietanolamina - é um alcalinizante que melhora a solubilidade de outros aditivos na composição do sabonete sintético.
Álcoois etoxilados - família grande de ingredientes derivados da petroquímica, que são mais caros e que conferem uma melhor aceitação na pele. São mais amenos e usados em pouquíssima quantidade porque aumentam o custo do produto final.
Aminas óxidas - família grande também e mais caros. São ingredientes amenos como os álcoois etoxilados.
Base perolada (ingrediente para o sabonete) - nada mais é do que composto inerte. Não agrega nada além do visual "perolizante".

Esse são alguns ingredientes sintéticos encontrados no sabonetes líquidos comerciais. Sejam eles para bebês, higiene íntima, banho, lavabo. Há também outros para amenizar os efeitos de detergência para que eles tenham mais aceitação como a uréia e a glicerina.

Escrevo isso porque já fiz muito detergentes sintéticos como sabonetes líquidos, detergente lava louça, detergentes para limpeza pesada como ácidos e alcalinos, detergentes clorados, desinfetantes e muito mais. Se quisesse, poderia deixar o sabonete líquido em forma de gel transparente. Já os naturais, não aceitam um aumento de viscosidade muito grande. Por isso eles são mais fluidos.
Se alguém quiser uma receita, tenho várias e já testadas, mas não faço mais. Tentei fazer produtos diferenciados com esses ingredientes onde a qualidade predominasse, mas o custo de produção também aumenta proporcionalmente à qualidade e segurança no uso. As receitas foram resultados de muita pesquisa em livros e na internet. Mas aqui na minha cidade não vingou pois acharam que era muito caro. A preferência era pelos baratinhos.

Voltando aos sabonetes, para quem tem a pele normal e sem problemas, estes tipos de sabonetes não geram problemas maiores. Mas para quem tem a pele sensível (como as mulheres) ou com enfermidades, eles são bastante agressivos. Não damos conta disso e vamos para o médico para resolver os problemas de pele causados por produtos cosméticos industrializados. Ele receita um creme que irá apenas atacar a consequência e não a causa. E mais, o creme também tem ingredientes que podem ser prejudiciais.
Logo, entramos num círculo vicioso, sabonete-creme-sabonete-creme...., e quem sofre é a pele.
A indústria cosmética fatura bilhões com isso. Que forma mais lucrativa de ganhar dinheiro fazendo um produto que causa problemas e outro que alivia não é mesmo?

Então é isso! Como dizia um ex-colega de trabalho quando eu morava São Paulo.

Espero ter esclarecido alguns pontos sobre a diferença entre o que é natural e o que é sintético e seus efeitos na pele.

Para comparar um e outro, só usando mesmo. Tenho certeza que não irá se arrepender.